terça-feira, 11 de outubro de 2016

CCBB estreia o espetáculo OVONO, produção teatral futurista de Ricardo Karman

Premiada Kompanhia do Centro da Terra realiza nova experiência cênica multimídia com linguagem inédita e dramaturgia que envolve tecnologias de ponta.

Reconhecido por montagens ousadas e inusitadas, o artista multimídia Ricardo Karman estreia, no dia 5 de novembro (sábado, às 20 horas), seu novo espetáculo OVONO no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde permanece em cartaz até o dia 12 de dezembro.

A montagem é uma aventura de ficção científica, satírica e filosófica, na qual um gigantesco osso vindo do espaço está prestes a destruir a Terra. A única esperança do planeta é Ovono, o mais perfeito cérebro artificial já criado, mas esta “máquina” está aprendendo a pensar – a ter sentimentos – e pode não estar preparada para a difícil missão de destruir o objeto ameaçador e salvar a humanidade. 

Além de Ricardo Karman (texto, direção e cenografia), a ficha técnica traz Amir Admoni na direção de animação e vídeo, Tito Sabatini como diretor de projeto multimídia, José de Anchieta no figurino, Domingos Quintiliano na iluminação e Otávio Donasci em projeto e consultoria de inflável. O elenco é formado por Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno Ribeiro e César Brasil.

O enredo discute a ambição pelo progresso tecnológico no decorrer da evolução da civilização. Com uma linguagem multimídia inusitada a encenação ousa em técnicas de vídeo maping com projeções em suportes esféricos e infláveis (seres e imagens criadas digitalmente). Ricardo Karman e a Kompanhia do Centro da Terra levam para o teatro uma reflexão fundamental sobre os rumos do progresso e o ônus do desenvolvimentismo irrefreável em nossa época. OVONO é híbrido de teatro, mímica, vídeo e animação computadorizada: as personagens interagem com animações digitais, criando uma dinâmica cênica que mistura o real e o virtual - linha mestra da pesquisa de 27 anos da Kompanhia.

A criação de Karman foi inspirada, de forma irônica, na corrida espacial dos anos 60 e 70, em filmes de ficção científica como 2001 - Uma Odisseia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968) e no livro de Gênesis (Bíblia). O osso arremessado para o alto por um macaco (no filme) como alusão ao brilhante futuro da raça humana, marca a utopia do final do século XX. O eloquente orgulho da inteligência humana, das conquistas tecnológicas e da exploração do espaço contrasta aqui com um futuro perverso, com o ônus do modelo de progresso insustentável. Este é o contexto da parábola de OVONO: o Osso retorna e ameaça quedar-se, gigantesco, sobre nossas cabeças com o efeito devastador de uma bomba atômica.

Ovono é um computador dotado de inteligência artificial; é o paroxismo do intelecto humano, a mais sofisticada idealização da tecnologia, a mimese da inteligência humana. Segundo o diretor, a sociedade do consumo confunde evolução tecnológica com desenvolvimento civilizatório. “Há uma certa hipnose gerada pela tecnologia que nos ilude, infla nossa autoestima e nos faz sentir orgulho da nossa raça. Percebemos de forma irrefutável um evolucionismo sempre benéfico. Tecnologia não deveria ser a única referência para o desenvolvimento da civilização. O verdadeiro progresso deveria ser o da evolução humana e dos ganhos sociais de toda a população”, explica Karman.

O espetáculo procura refletir com bom humor sobre essas questões da evolução. Há dois conflitos dramáticos, duas linhas de discussão no texto. Uma crê no progresso e quer manter o Osso no ar: acredita que a humanidade vai conseguir superar seus problemas e continuar evoluindo (e o osso continuará voando no espaço). A outra quer destruí-lo: não acredita na superação dos problemas (e o Osso cairá e nos destruirá). O computador Ovono defende a primeira hipótese, mas, diferentemente do HAL do filme de Kubrick, ele adquiriu fé no Osso. Afinal, ele seria o seu “pai”, a razão única de sua existência. E, contra todas as evidências científicas, “acredita” que ele não destruirá o planeta.

Para Ricardo Karman “o desafio em OVONO é manter a ‘simplicidade’ teatral sem deixar transparecer o inerente rigor técnico e a sofisticação eletrônica para que a história tenha um curso natural e envolvente, diante de uma dramaturgia que assume meios digitais de comunicação como ponte para a estética contemporânea”. Ele ainda explica o significado do título: “ovon-o” remete a novo, a grafia é o contrário de “o-novo”.

Ricardo Karman & Kompanhia do Centro da Terra

Com nove prêmios e nove montagens realizadas, há 27 anos no cenário artístico paulista, a Kompanhia do Centro da Terra se destaca pela intensa pesquisa para integrar diferentes linguagens cênicas, performances e arte-tecnologia em grandes instalações interativas e montagens teatrais inovadoras. Desde 1989, vem realizando projetos, espetáculos e instalações, solidificando sua pesquisa experimental no campo da tecnologia e interatividade, dialogando com espaços não convencionais e se consolidando como grupo de teatro inovador.

Além de dramaturgo e diretor teatral, Ricardo Karman é formado em Arquitetura (FAU-USP). Cursou Biologia (USP), Direção Teatral (ECA-USP) e Música (piano, clarineta e composição). Em Londres, estudou direção teatral na British Theatre Association, onde estagiou com o diretor Peter Gill no National Theatre of Great Britain. Karman é fundador e diretor da Kompanhia do Centro da Terra (1989) e do Teatro do Centro da Terra (2001). Profissional de várias áreas, integrou a Seleção Brasileira de Rugby (1979) e é piloto de helicóptero.

No teatro, foi vencedor, no Rio de Janeiro, do Prêmio Shell Especial de Produção com o espetáculo Viagem ao Centro da Terra II. O mesmo espetáculo, na montagem original em São Paulo, foi destaque na Time Magazine (EUA), Corriere della Sera  (Itália) e em diversos jornais do mundo, além de obter grande repercussão na mídia nacional. Esta foi sua I Expedição Experimental Multimídia (1 km dentro de um túnel abandonado sob o Rio Pinheiros, em São Paulo, em parceria com Otávio Donasci).

 A II Expedição Experimental Multimídia de Karman, A Grande Viagem de Merlin, aconteceu em 1995 (com 5h de duração e 130 Km de extensão, entre São Paulo e Jundiaí, também com Otávio Donasci). O espetáculo também apareceu em páginas da Time Magazine e no The New York Times (EUA), Agência Reuters (Inglaterra) e jornais do mundo, incluindo inclusive o Japão. Em 2003, dirigiu e produziu uma versão multimídia da peça O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, que ganhou o Prêmio APCA de Melhor Espetáculo Jovem. Outra realização do diretor é a montagem infantil O Ilha do Tesouro (2005) que ainda permanece em cartaz (uma expedição dentro de um percurso-instalação de 500m, feito de ambientes sensoriais, nos quais as crianças contracenam com os adultos). Por ele, recebeu o prêmio APCA de Melhor Direção Infantil e Coca-Cola FEMSA de Melhor Produção.

Sua primeira aventura de ficção científica, O Kronoscópio, estreou em 2007, com direito a efeitos especiais como chuva, fogo, teletransporte, interação ao vivo com personagem virtual e efeitos multimídia. Seu espetáculo Teatrokê, de 2010, inaugurou um formato inédito no Brasil: os protagonistas eram voluntários da plateia que utilizavam um ponto eletrônico sem fio para receber o texto dado por atores profissionais e, assim, realizavam as cenas. Outra bem sucedida e inusitada montagem foi Biliri e o Pote Vazio (2011), na qual Karman usou recursos multimídia para integrar a milenar técnica chinesa de teatro de sombras com a mais contemporânea técnica de animação computadorizada. Esse infantil ganhou vários prêmios: APCA de Melhor Cenografia (José de Anchieta) e Coca-Cola FEMSA de Melhor Espetáculo, Melhor Cenografia, Revelação pela direção de animação e sobras (Amir Adnomi) e Melhor Trilha Sonora (Ricardo Karman e Bernardo Galegale).

Karmam e Kompanhia do Centro da Terra também atuou em grandes eventos: Festa-Instalação para entrega do II Prêmio Multicultural Estadão; Em Busca da Fonte da Fortuna (lançamento da água Brahma); e A Grande Viagem de Marathon (lançamento da bebida Marathon, da Brahma). Karman lecionou no curso de teatro profissionalizante do Colégio INDAC; participou, junto com outros artistas multimídia, da 21ª Bienal de São Paulo no projeto Reflux - Arte e Telecomunicação, de Artur Matuck; foi assistente de direção de Antunes Filho e de Ulysses Cruz; trabalhou ao lado de José Celso Martinez Correa (Os Mistérios Gososos, Oswald de Andrade, e outras); dirigiu a peça experimental 525 Linhas, de Marcelo Rubens Paiva (1989); foi a ator e clarinetista na peça Xica da Silva (1987), de Antunes Filho, e também clarinetista em Um Dibuk Para Duas Pessoas, de Iacov Hillel (1983).

Ficha técnica

Espetáculo: OVONO 
Texto e direção geral: Ricardo Karman
Diretor de animação e vídeo: Amir Admoni 
Diretor de projeto multimídia: Tito Sabatini
Elenco: Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno Ribeiro e César Brasil.
Participação especial nos vídeos: Lulu Pavarin, Vivian Bertocco, Beatriz Bianco e Vivian Vineyard
Assistência de direção: Bernardo Galegale
Figurinos: José de Anchieta
Iluminação: Domingos Quintiliano
Cenografia: Ricardo Karman
Dramaturgista: Rui Condeixa Xavier
Sonoplastia: Ricardo Karman e  Bernardo Galegale 
Projeto e consultoria de inflável: Otávio Donasci
Consultor de imagem: Hugo Mendes e ​Damian Campos
Projeto gráfico: Keren Ora Karman
Administração: Norma Lyds
Produção executiva: Vivian Vineyard; 
Adereços: Marcela Donato, Paulo Galvão, Josué Torres
Trilha sonora: Raul Teixeira e Rodrigo Florentino
Operação de som: Rodrigo Florientino
Animação: Amir Admoni e Fabrício Melo
Rigging verme: Leonardo Cadaval
Animação verme: Diego Souza
Operação de luz e vídeo: Leonardo Patrevita
Contrarregra: Cesar Brasil, Bruno Ribeiro e Moisés Saron Lopes
Costureira: Lande Figurinos
Confecção de inflável: Juanito Cusicanki
Fotografia: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação 
Idealização: Kompanhia do Centro da Terra
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Patrocínio: Banco do Brasil
Copatrocínio: Sabesp

Serviço

Centro Cultural Banco do Brasil (130 lugares)
Rua Álvares Penteado, 112. Centro/SP
Tel: (11) 3113.3651 / 3113.3652. Capacidade: 130 lugares.
Acessos: Estações Sé e São Bento do Metrô. Praças do Patriarca e da Sé.
Acesso para pessoas com deficiência. Ar condicionado. Loja. Café Cafezal
Estacionamento: Estapar – Rua Santo Amaro, 272 – R$ 15,00 pelo período de 5h.
É necessário carimbar tíquete na bilheteria do CCBB. 
Transporte gratuito: uma van faz o traslado gratuito no trajeto estacionamento - CCBB. Na volta, parada no Metrô República antes do estacionamento.

Espetáculo: OVONO
Estreia: dia 5 de novembro de 2016
Horários: Sábado e segunda (às 20h) e domingo (às 19h)
Temporada: até 12 de dezembro
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
Funcionamento/bilheteria: das 9 às 21h, de quarta a segunda. Pela Internet: www.ingressorapido.com.br
Duração: 100 minutos. Recomendação: 16 anos. Capacidade: Gênero: Ficção científica (drama). 

ENSAIOS ABERTOS
Dias 29, 30 e 31 de outubro - Sábado e segunda (às 20h) e domingo (às 19h)
Grátis (distribuição de senhas 1h antes)

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