terça-feira, 11 de novembro de 2014

NUO apresenta 'O Burguês Nobre' de Molière e inaugura o Espaço Núcleo

O espetáculo do NUO, cuja música é assinada por Jean Baptist Lully, tem inspiração na sedutora estética da commedia dell’arte.

O NUO (Núcleo Universitário de Ópera), dirigido pelo maestro Paulo Maron, inaugura o Espaço Núcleo (em sua sede própria) com encenação do espetáculo O Burguês Nobre (Le Bourgeois Gentilhomme), de Molière, nos dias 29 e 30 de novembro, sábado e domingo, às 19n30. Com música composta por Jean-Baptiste Lully, a montagem é uma semi-ópera, peça de teatro cujos diálogos são intercalados por música erudita barroca e dança.

O Burguês Nobre satiriza as tentativas de ascendência social da classe burguesa, ridicularizando tanto a classe média vulgar e pretensiosa quanto a esnobe e vaidosa aristocracia. O título já é uma contradição, pois na França de Molière, um "gentilhomme" (cavalheiro) era, por definição, um nascido nobre, e era improvavel existir um burguês com caráter nobre. Este espetáculo foi encenado pela primeira vez, em 1670, diante da corte do rei  Luís XIV.

Na versão do NUO, tanto os atores-cantores como os instrumentistas fazem parte da cena. A música é cantada em francês (legendada) com os diálogos em português. Na concepção de Paulo Maron, a encenação se aproxima da movimentação cênica da época em que a o texto foi escrito (século XVII). “Buscamos inspiração na commedia dell’arte para elucidar o clima de época. Os figurinos também foram concebidos como se fossem esboços das roupas da época e a iluminação foi condicionada a alguns espaços, procurando reproduzir o clima da luz de velas”. Comenta o diretor.

Pioneiro no trabalho operístico com jovens, oriundos das mais diversas faculdades de música, o NUO é reconhecido pela interpretação e pelo forte trabalho corporal. O trabalho de formação artística vai além da música. Os jovens estudam interpretação e passam por preparação corporal para formar um grupo atuante com performance totalmente particular. Anualmente, duas montagens operísticas são realizadas com sucesso pela companhia.

Sinopse

A peça se passa inteiramente na casa de Jourdain, um burgues de meia idade cujo pai enriqueceu como comerciante de tecidos. Sua única meta é ascender seu status e ser aceito como um cavaleiro aristocrata. Para isto, encomenda roupas espalhafatosas, acreditando ser assim que um nobre se veste, e se empenha para aprender tudo que um nobre supostamente saberia, contratando professores de dança, música, filosofia e esgrima, apesar de sua idade avançada. Em suas tentativas, ele acaba sempre por fazer um papel ridículo, para desgosto de seus professores.

A Sra. Jourdain, sua esposa, vê a situação constrangedora do marido e pede-lhe, sem obter sucesso, que retorne à vida despretensiosa de classe média. Um nobre aproveitador e sem dinheiro, chamado Dorante, associa-se a Jourdain, a quem odeia secretamente, mas adula em público, estimulando seus sonhos aristocráticos para conseguir que ele pague suas dívidas. Os sonhos de ascensão social do protagonista ficam cada vez maiores e ele deseja casar sua filha Lucille com um nobre, mas ela está apaixonada por Cléonte, um rapaz de classe média.

Proibido de se casar com sua amada e com a ajuda de seu criado Covielle, Cléonte se disfarça de filho do sultão da Turquia e se apresenta a Jourdain que, envaidecido, consente o casamento da filha com um “monarca estrangeiro”. E fica ainda mais embevecido quando o "príncipe turco" diz que, como pai da noiva, também receberá um título de nobreza. 

Personagens / intérpretes

Monsieur Jourdain: Pedro Ometto (barítono). Madame Jourdain: Angélica Menezes (mezzo). Cleonte: Caio Oliveira (tenor). Covielle: Luis Fidelis (barítono). Lucille: Andrezza Reis (soprano). Dorimene: Isis Cunha (soprano). Conde Dorante: Ricardo Moraes (tenor). Professor de esgrima: Rodrigo Theodoro (baixo). Professor de dança: André Estevez (tenor). Professor de Filosofia: Paulo Bezzule (tenor). E participação de Eliane Gama (Nicole), Wesley Fernandez (Alfaiate), Paulo Maron (Professor de música) e Renata Matsuo (bailarina).

Espaço Núcleo

O Espaço Núcleo fica na Rua Belas Artes, 135, no Ipiranga, e tem uma área cênica capaz para acomodar 100 pessoas. Além de ser a sede oficial do Núcleo Universitário de Ópera (NUO) o espaço cultural está apto a receber trabalhos de outros grupos, sendo propício às pequenas montagens, aos pequenos concertos e recitais, além ensaios de espetáculos. Em princípio, foi idealizado para abrigar as montagens do próprio NUO, ao perceber a necessidade de espaços cênicos não convencionais para avançar com suas pesquisas e experimentos. “Identificamos que o desejo de levar espetáculos para locais diferentes dos tradicionais, especialmente no meio musical erudito, é um desejo compartilhado por muitos, por isso o Espaço Núcleo está aberto a todos”, comenta o diretor Paulo Maron.

O Espaço Núcleo tem estrutura simples e sem requintes. Sua localização é privilegiada: fica a duas quadras da estação Alto do Ipiranga (Linha Verde do Metrô) que tem ligação com outras linhas de metrô e trem e fácil acesso a diversas linhas de ônibus. Mais de 600 mil reais foram investidos na construção da sede, soma advinda de recursos próprios de integrantes do grupo, além do apoio conquistado por meio de financiamento coletivo feito pela Internet, através do projeto Catarse.

Espetáculo: O Burguês Nobre
Autor: Molière e Lully
Direção geral: Paulo Maron
Com: NUO - Núcleo Universitário de Ópera
Fugurinos, cenário e luz: Paulo Maron
Preparação corporal: Marília Velardi
Coreografia: Wesley Fernandez
Músicos: Camerata do Núcleo Universitário de Ópera
Solistas e coro: Núcleo Universitário de Ópera
Dias 29 e 30 de novembro
Sábado (às 20h30) e domingo (às 19h30)
Espaço Núcleo
Rua Belas Artes, 135. Ipiranga/SP (Metrô Alto do Ipiranga). Tel: (11) 99571-2914
Ingresso (preço único): R$ 25,00. Bilheteria: 1h antes da sessão (dinheiro e cheque).
Duração: 90 min. Classificação etária: 12 anos. Capacidade: 100 lugares
Acesso universal. Ar condicionado. www.facebook.com/nucleodeopera.

PERFIS

Molière (dramaturgo)

Jean-Baptiste Poquelin, o renomado dramaturgo francês conhecido Molière (1622-1673), foi também ator e encenador, sendo considerado um dos mestres da comédia satírica. Teve um papel de destaque na história da dramaturgia da França, até então muito dependente da temática da mitologia grega. Molière – que usou as suas obras para criticar os costumes da época - é considerado um dos fundadores da Comédie-Française.

Jean Baptiste Lully (compositor)

Jean-Baptiste de Lully (em italiano, Giovanni Battista; 1632-1687) foi um compositor francês, nascido em Itália, que passou a maior parte da vida trabalhando na corte do rei Luis IV. Compôs diversos ballets, peças instrumentais e óperas. Considerado o grande mestre da música barroca francesa, iniciou, em 1664, a parceria com o dramaturgo Molière.

Núcleo Universitário de Ópera e Paulo Maron

No ano de 2003, Paulo Maron criou o Núcleo Universitário de Ópera (NUO), um grupo que congrega jovens estudantes de canto lírico com grau universitário (recém formados ou em fase de formação), vindos de diferentes escolas e universidades. Considerando a escassez de oportunidades de atuação para esses jovens, Maron acreditou que manter um grupo estável, participando de produções regulares e com desafios cênicos e vocais, seria a fórmula correta de estimular o desenvolvimento de seus potenciais. Ao mesmo tempo, a direção do NUO apostou que o grupo estaria apto para apresentar à cena lírica paulistana não só um novo repertório, mas uma inovadora forma de montagem operística, valendo-se de um trabalho cênico diferenciado, devido à junção das técnicas teatrais de Meyehold com as técnicas corporais de Martha Grahan, Feldenkrais e Laban.

Paulo Maron coordena todos os projetos realizados pelo Núcleo Universitário de Ópera, assinando também a cenografia e direção cênica e musical. Atualmente com uma equipe composta por, aproximadamente, 20 cantores, 15 instrumentistas e 5 profissionais técnicos e artísticos. Dentre os trabalhos produzidos pelo Núcleo se destacam: O Mikado, de Willian Gilbert e Arthur Sullivan (2004); Forrobodó, de Francisco Bittencourt e Chiquinha Gonzaga (2005); Os Piratas de Penzance, de Willian Gilbert e Arthur Sullivan (2005); A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill (2006); HMS Pinafore, de Gilbert e Sullivan (2006); Julgamento com Júri, de Gilbert e Sullivan; Der Mond (A Lua), de Carl Orff (2007); Patience, de Gilbert e Sullivan (2007), Moscou, Tcheryomushki, de Dmitri Shostakovich (2008), O Feiticeiro, de Gilbert e Sullivan (2008), O Falso Filho, de Joaquín Rodrigo (2009), Utopia, Ilimitada, de Gilbert e Sullivan (2009), A Jornada do Peregrino, de Ralph Vaughan Williams (2010); Iolanthe, de Gilbert e Sullivan (2010); Prometheus, de Gabriel Fauré (2011); Os Gondoleiros, de William Gilbert e Arthur Sullivan (2011); The Fairy Queen - Sonho de Uma Noite de Verão, de Henry Purcell e William Shakespeare (2012); King Arthur, de Henry Purcell (2013); e A Ópera do Mendigo, de John Gay (2013 e 2014).

O NUO é reconhecido pela Gilbert & Sullivan Society como o único grupo especializado nesses autores em toda a América Latina. Em 2007, o Núcleo Universitário de Ópera lançou o DVD HMS Pinafore – uma das mais populares óperas cômicas de Gilbert e Sullivan, encenada em 2006, no Theatro São Pedro, em São Paulo. Esta é a primeira produção brasileira lançada em DVD no circuito comercial com distribuição da LPC Comunicações.

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