terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Terraço, de J.C. Carrière, estreia no Brasil com direção de Alexandre Reinecke

Texto indicado ao Les Molières promove encontro entre o real e o fantástico.
 
Inédita no Brasil, a comédia O Terraço, do premiado escritor francês Jean-Claude Carrière, estreia no dia 18 de janeiro de 2013, sexta-feira, no Teatro Nair Bello, às 21h30, sob direção de Alexandre Reinecke. No texto, traduzido por Henrique Benjamin, um apartamento de terraço ensolarado vira alvo de disputa, no momento da separação de um casal.

A montagem tem elenco formado por Vera Zimmermann, Ilana Kaplan, Marat Descartes, Marco Antônio Pâmio, Henrique Stroeter, Flávia Teixeira e Hugo Coelho. O diretor Alexandre Reinecke ressalta a importância do autor, “um dos maiores roteiristas do século XX”, e do elenco. “São atores experientes, de reconhecido talento. Meu trabalho parte do que eles oferecem. Teatro é sempre uma obra coletiva”. Declara.

A ficha técnica traz ainda Paula Sabbatini no figurino, Carol Mariottini como assistente de direção, Mira Andrade na cenografia e Fran Barros na iluminação.

A história, que se passa na França, começa com a separação de um casal. A mulher, Madeleine (Vera Zimmermann) surpreende o marido Etiènne (Marco Antônio Pâmio) com a notícia, durante o café da manhã, e avisa que o apartamento onde vivem será alugado. Tendo como atrativo um ensolarado e misterioso terraço, o imóvel passa a ser visitado por possíveis locatários, intermediados por uma habilidosa corretora. Essas pessoas se relacionam, estranhamente, em um terreno neutro, sendo o casal protagonista de um drama real e os outros personagens, figuras totalmente metafóricos. É inevitável que novas relações se estabeleçam e uma disputa pelo apartamento é desencadeada.

Os complexos e engraçados visitantes causam empatia e divertem por suas acentuadas características. A Corretora (Ilana Kaplan) esbanja desenvoltura na profissão, além de muita carência. O Sr. Astruc (Marat Descartes) é o que chamamos de folgado e espaçoso, trambiqueiro em busca da sobrevivência. O marido, Etiènne (Marco Antônio Pâmio), deixa-se levar pelas circunstâncias com uma mistura de sarcasmo e indiferença. Maurice (Henrique Stroeter) é a passionalidade levada à quinta potência. E o casal Dalloz (Hugo Coelho e Flávia Teixeira) é formado por um General cego e por uma mulher que tenta matá-lo sem sucesso. Dois personagens caem do terraço e não sofrem absolutamente nada: o General é empurrado e, milagrosamente, sobrevive e volta com mais vigor ainda; Maurice se joga num ato de paixão, mas é em vão.

Neste texto, J.C. Carrière propõe imagens, talvez de forma inconsciente, que surgem com muito impacto, mas sem o poder da fatalidade. Ele brinda o espectador com tipos muito engraçados em contraponto com um sisudo casal. Para Reinecke, “O Terraço explora a loucura humana, latente no nosso dia a dia, por meio de personagens quase alegóricos. Eles têm um tom acima do que é considerado comum”. O diretor também explica que a encenação busca enraizar a proposta do texto, “esse hilário encontro do real com o fantástico”.

Em O Terraço a vida se manifesta de forma inusitada, amparada pelos esteriótipos do cotidiano, onde os personagens com suas  ambições e desejos levam o espectador ao riso, surpreendendo a cada instante. O figurino, bastante colorido, busca elucidar a personalidade de cada um, reforçando a ambigüidade da relação alegórica entre o casal e os visitantes. O Terraço, usa a força do humor para provocar não só riso, mas também a reflexão.

Espetáculo: O Terraço
Texto: Jean-Claude Carrière
Tradução: Henrique Benjamin
Direção: Alexandre Reinecke
Assistente de direção: Carol Mariottini
Elenco: Vera Zimmermann (Madeleine), Ilana Kaplan (Corretora), Marat Descartes (Sr. Astruc), Marco Antônio Pâmio (Etiènne), Henrique Stroeter (Maurice), Flávia Teixeira (Sra. Dalloz) e Hugo Coelho (Sr. Dalloz).
Cenografia: Mira Andrade
Figurino: Paula Sabbatini
Iluminação: Fran Barros
Visagismo: Paula Sabbatini e Roberta Estevão
Sonoplastia: João Maya e Henrique Benjamin
Produção executiva: Fabio Hilst
Direção de produção: Beti Antunes
Design gráfico e fotos: Erik Almeida
Coordenação geral de projeto: Henrique Benjamin
Realização, idealização e produção: HB Produções
Produtora associada: Enjoy Arts
Patrocínio: 3M do Brasil
Copatrocínio: Vedacit
Apoio: Porto Seguros
ProAC - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo
Estréia: 18 de janeiro – sexta-feira – às 21h30
Teatro Nair Bello (Shopping Frei Caneca)
Rua Frei Caneca, 569, 3º Piso, 401A – Consolação/SP – Tel: (11) 3472-2414
Temporada: sexta (21h30), sábado (21h) e Domingo (19 horas) – Até 31/3/13
Ingressos: R$ 40,00 (sexta), R$ 60,00 (sábado) e R$ 50,00 (domingo)
Gênero: Comédia – Duração: 80 min – Capacidade: 200 lugares
Ingressos antecipados: www.ingresso.com.br (4003-2330). Aceita cartões (todos).
Ar condicionado. Acesso universal. Estacionamento: R$ 7,00 (por 2h).

Jean- Claude Carrière

Nascido na França, em 1931, Jean-Claude Carrière é premiado roteirista, escritor, diretor e ator do cinema francês. Foi colaborador freqüente do diretor Luis Buñuel e, menos frequente, de Peter Book. Foi ainda presidente da La Fémis, escola cinematográfica do estado francês. Sua colaboração com Buñuel começou com o filme Diário de uma Camareira (1964), para o qual ele co-escreveu o roteiro e também interpretou o papel de um padre da aldeia. Mais tarde, Carrière colaborou com quase todos os roteiros dos seus filmes, Incluindo A Bela da Tarde (1967), O Estranho Caminho de São Tiago (1969), O Fantasma da Liberdade (1974) e Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977). Agraciado em diversas premiações, incluindo Oscar, César e BAFTA, ele escreveu ainda os roteiros de A Insustentável Leveza do Ser (1988), Cyrano (1990), Brincando nos Campos do Senhor (1991) e O Último Entardecer (1997). Colaborou com Peter Brook nas duas versões do antigo épico sânscrito Mahabharata. O Terraço foi indicado ao prêmio Les Molières, de melhor texto.

Alexandre Reinecke

Dentre os diretores teatrais mais atuantes do teatro brasileiro, Alexandre Reinecke, 42 anos, consolidou sua carreira em 2000, quando foi assistente de direção de Paulo Autran, na peça Dia das Mães. Desde então, dirigiu 40 peças dos mais variados gêneros: as comédias Quarta-Feira, Sem Falta, Lá em Casa, com Beatriz Segall e Myrian Pirtes (depois Nicete Bruno); Senhoras e Senhores, com Suely Franco, John Herbert, Sonia Guedes e Antonio Petrin; Sua Excelência o Candidato, de Marcos Caruso e Jandira Martini, com Reynaldo Gianecchini; e Arsênico e Alfazema (Arsenic and Old Lace), com Ana Lucia Torre e Denise Weinberg, peça que também traduziu e adaptou, Os 39 Degraus, de Alfred Hitchcock, com Dan Stulbach, Adultérios, de Woody Allen, com Fabio Assunção; e a comédia francesa Toc Toc, há mais de 4 anos em cartaz.

Em 2010, esteve cartaz com nove peças: Seria Cômico Se Não Fosse Sério de Friederich Durremat, Adorei o Que Você Fez, TPM Katrina, O Homem das Cavernas e Trair e Coçar, é só Começar (re-dirigiu em comemoração aos 23 três anos de temporada), Amores, Perdas e Meus Vestidos, O Clã das Divorciadas e Toc Toc . E em 2008/2009, dirigiu duas peças de Fernanda Young, A Idéia, Vergonha dos Pés, com Priscilla Fantin e Danton Mello. Atualmente, está com cinco peças em cartaz: Adultérios, Como Se Tornar Uma Super Mãe em 10 Licões, Toc Toc, Mães Iradas e Chá Com Limão.

Escreveu, traduziu e adaptou diversos textos e ainda um roteiro para teatro e cinema, inspirado na música Domingo no Parque de Gilberto Gil, ainda inéditos. Como ator, atuou nas peças Trair e Coçar e Só Começar, As Bacantes, Arsênico e Alfazema, entre outras, além de vários filmes comercias, longas e curtas-metragens. Em 1991, atuou no papel de Creonte em Antígona, com o Laboratorie Gestuel du Canada, sob a direção de Larry Trembley.

Principais peças estrangeiras que dirigiu e/ou traduziu: Defending The Cavemanm by Rob Becker (direção e tradução), The Foreigner by Larry Shue (direção), Arsenic and Old Lace, by Joseph Kesselring (direção e tradução), Mr. Halpern and Mr. Johnson, by Lionel Goldstein (direção e tradução), The Homecoming, by Harold Pinter (direção), J’Aime Beaucoup Ce Que Vou Faites, by Carole Greep (direção), The Millionaire, by Bernard Shaw (tradução inédita) e outras.

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